EUA avançam novas explicações sobre possível crime de guerra nas Caraíbas

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Os alegados traficantes de droga mortos pelos EUA no controverso ataque a uma lancha, a 2 de Setembro, no mar das Caraíbas, dirigir-se-iam para um ponto de encontro onde a embarcação seria carregada com droga, defendeu, na última quinta-feira, o almirante da Marinha dos EUA Mitch Bradley, ouvido por legisladores norte-americanos, numa audição de inquérito em que foi partilhado o vídeo do ataque, avançaram duas fontes à CNN, que pediram para que fosse preservado o anonimato. Os 11 tripulantes foram mortos por mísseis norte-americanos, depois de dois terem sobrevivido ao ataque inicial.

Segundo as novas informações divulgadas sobre as explicações do almirante, a lancha dirigia-se para o ponto de encontro onde se cruzaria com uma embarcação maior, essa sim carregada com droga e com destino ao Suriname, para receber a carga ilegal. No entanto, não chegou a ser localizado o segundo navio mencionado por Bradley. O almirante terá argumentado ainda que existia a possibilidade de o carregamento ilícito acabar por seguir para os EUA, justificando o ataque ao barco mais pequeno, mesmo que este não se dirigisse para a costa norte-americana quando foi atingido.

Na ressaca da audição de inquérito, que aconteceu à porta fechada, o democrata Jim Himes tinha-se já referido ao vídeo como “uma das coisas mais perturbantes” que viu na sua vida pública. “Dois indivíduos em claros apuros, sem meios de locomoção, com um navio destruído, que foram mortos pelos EUA”, avançou o PÚBLICO na última quinta-feira. Na imprensa norte-americana, levantam-se questões sobre a possibilidade de o segundo ataque, que vitimou os sobreviventes da lancha naufragada, poder constituir um crime de guerra.

De acordo com o New York Times, o vídeo partilhado com os legisladores mostraria um primeiro míssil a destruir parcialmente a embarcação. Dois dos 11 tripulantes terão sobrevivido e, na meia hora seguinte, lutavam por se agarrarem aos destroços enquanto a lancha se afundava no mar das Caraíbas. Finalmente, o almirante ordena um segundo ataque — mais três mísseis são lançados de seguida —, confirmando a morte dos dois náufragos, avançou o jornal norte-americano, também na quinta-feira.

Em concordância com o que já havia sido noticiado, uma fonte próxima do caso confirmou que, depois do primeiro míssil, os dois sobreviventes acenavam, presumivelmente tentando pedir ajuda ou travar um segundo ataque, relatou a emissora norte-americana CBS News, na mesma transmissão em que divulga um vídeo do momento em que o primeiro míssil atinge o alvo.

Os novos detalhes de Bradley reforçam as justificativas da Administração Trump: atacar a embarcação repetidamente — e matar sobreviventes indefesos — foi necessário para proteger os EUA de uma ameaça iminente.

Uma investigação do Washington Post, publicada nesta semana, apontava responsabilidades a Pete Hegseth, que terá dado “luz verde” ao ataque, exigindo a morte de “toda a gente” a bordo da lancha, noticiava o PÚBLICO a 2 de Dezembro. Na quinta-feira, Mitch Bradley negou que tal directiva tenha existido.

O secretário de Defesa, que disse a 3 de Setembro ter acompanhado a operação por vídeo, alega agora que assistiu apenas ao primeiro disparo, sugerindo que Mitch Bradley foi o responsável por sancionar os seguintes: “Um herói norte-americano (…). Apoio-o e às suas decisões de combate”, escreveu Hegseth sobre Bradley no X, a 1 de Dezembro, referindo especificamente o ataque em questão.

Embora a maioria dos republicanos tenha manifestado apoio à ampla campanha militar do Presidente Donald Trump contra o narcotráfico nas Caraíbas, o ataque de 2 de Setembro, ocorrido nas águas do estreito que separa a Venezuela das ilhas de Trinidade e Tobago, suscitou escrutínio bipartidário — incluindo uma promessa de fiscalização da Comissão dos Serviços Armados do Senado.

As próprias leis de guerra do Pentágono definem os náufragos como pessoas “a necessitar de assistência e cuidados”, que não devem ser alvo “de qualquer acto hostil”, refere a CNN.

Em Setembro, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse à imprensa, pouco depois do ataque, que a alegada narcolancha “provavelmente se dirigia para Trindade e Tobago ou outro país das Caraíbas”. Em dissonância, Trump afirmou na publicação em que anunciou a investida, a 2 de Setembro, que “o ataque ocorreu enquanto os terroristas estavam no mar, em águas internacionais, a transportar narcóticos ilegais, a caminho dos Estados Unidos”, cita a emissora norte-americana.

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