Quando um aeroporto se torna um fator de risco para a saúde

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O Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, voltou a expor um problema que Portugal não deveria normalizar. As longas filas no controle de passaportes para cidadãos não europeus deixaram de ser episódios pontuais. Tornaram-se uma rotina estressante, imprevisível e, em muitos casos, perigosa para a saúde dos passageiros.

Em outubro, houve relatos frequentes de esperas superiores a uma hora. Em dezembro, a situação agravou-se. As filas avançavam tão lentamente que passageiros perderam conexões, discutiram entre si e atingiram limites físicos visíveis.

Na minha própria passagem pelo aeroporto, esperei por duas horas e 30 minutos com a minha família. Durante esse tempo, atendi uma pessoa que apresentou síncope vasovagal ali mesmo, no meio da fila. Ouvi brigas de quem tentava avançar para não perder o voo e de quem não aceitava a manobra. É um ambiente altamente estressante e um problema para quem já tem problemas de saúde.

A fisiologia ajuda a explicar por que isso importa. Ficar muito tempo em pé e parado reduz o retorno venoso e pode precipitar síncope vasovagal (desmaio), especialmente quando o estresse emocional está alto. Diretrizes europeias de síncope reconhecem o estresse ortostático prolongado como gatilho clássico.

E, pior, há também evidência de que episódios de estresse agudo, como passar pelo controle de passaporte não europeu no aeroporto Humberto Delgado aumentam transitoriamente o risco de eventos cardiovasculares em pessoas com doença aterosclerótica clínica ou subclínica. A combinação pode não ter final feliz.

A experiência no aeroporto de Lisboa é degradante e arriscada. Não deve ser tratada como algo que o usuário precisa “aceitar” ou ao qual deve simplesmente se adaptar. Em 2025, um questionário global da companhia de seguros iSelect classificou o aeroporto como o segundo mais estressante do mundo para passageiros. Esse dado não surpreende quem já enfrentou o controle de fronteira em horário de pico.

Para quem não pode evitar esse aeroporto, algumas medidas práticas ajudam a reduzir riscos: programar pelo menos três horas apenas para o controle de passaporte, manter hidratação adequada, evitar alimentos de alto índice glicêmico antes da viagem (para evitar sintomas de variabilidade glicêmica como sono, tontura, palpitações) e realizar flexões de panturrilha enquanto estiver parado, o que melhora o retorno venoso e a oxigenação cerebral.

No caso de pessoas com saúde frágil, a recomendação mais segura é, quando possível, evitar esse aeroporto até que mudanças estruturais sejam implementadas. A porta de entrada de um país não deveria ser um teste de resistência física e emocional. Hoje, infelizmente, Lisboa impõe isso aos seus visitantes.

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