A administração do Auditório Francisco de Assis, no Porto, anunciou esta sexta-feira o cancelamento do evento marcado pelo grupo de extrema-direita Reconquista para este sábado, 8 de Novembro, após concluir que se tratava de uma iniciativa de carácter político, em violação do regulamento interno.
Num comunicado divulgado nesta sexta-feira, a direcção do espaço, que pertence ao Colégio Luso-Francês, afirma ter deliberado o cancelamento do evento “por não respeitar o regulamento em vigor, que o proíbe expressamente”.
O evento em causa era o III Congresso Reconquista, promovido pelo grupo ultranacionalista Reconquista, que está sob investigação da Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária. O congresso contaria com a presença de várias figuras da extrema-direita internacional, incluindo Keith Woods, Martin Sellner e António de Sousa Lara, com bilhetes entre 15 e 200 euros.
A realização do evento gerou controvérsia depois de o Expresso noticiar que o mesmo auditório tinha recusado um pedido do partido Livre para realizar um congresso autárquico no local, em Junho. Diamantino Raposinho, dirigente do Livre no Porto, explicou ao PÚBLICO que a resposta do auditório foi clara: “As regras do auditório não permitem acolher eventos políticos.”
Num comunicado enviado às redacções, o Livre do Porto denunciou a “dualidade de critérios, que em tão pouco tempo recusa acolher um evento de um partido democrata e humanista e, porém, aceita acolher um evento político de extrema-direita”. Para além disso, sublinha que a agenda do grupo Reconquista é “totalmente incompatível com a filosofia, vida e obra de Francisco de Assis”, o frade que dá nome ao auditório.
Apesar disso, o coordenador do auditório, Nuno Santos, garantiu ao Expresso que a gestão do espaço é “independente do colégio” e que a decisão inicial de manter o congresso se devia à existência de um contrato assinado. “Estamos num país livre e estamos só a rentabilizar o espaço”, afirmou, sublinhando que só souberam tratar-se do grupo Reconquista “há uma semana”.
O grupo extremista, que é conhecido por colocar em causa os direitos das mulheres e da comunidade LGBTQ+ e defender abertamente a expulsão dos imigrantes nas redes sociais, já tinha estado envolvido noutra polémica em Novembro do ano passado, quando utilizou o mesmo método para conseguir alugar o Fórum Lisboa, sede da Assembleia Municipal, onde acabou por realizar o II Congresso Reconquista.
O evento foi então alvo de críticas na Assembleia Municipal de Lisboa, onde a presidente, Rosário Farmhouse, afirmou ter sido “enganada” sobre a natureza do encontro, que teria sido feito em nome da juventude do Chega. Fonte da juventude do Chega disse então, em declarações ao PÚBLICO, que houve uma utilização abusiva do nome e que não tinham ligação com o evento.
Afonso Gonçalves, influencer digital e líder do Reconquista, também não tem sido imune a controvérsias. Em Março, segundo conta o Expresso, foi retirado da AML pela Polícia Municipal depois de um “discurso injurioso” contra os imigrantes, para além de já ter sido detido três vezes pela PSP — duas em Abril, por ameaças contra imigrantes na fila da AIMA e por ter invadido um prédio na rua do Benformoso para promover discurso de ódio, e uma terceira dois meses depois por protestos junto a um templo sikh em Odivelas.
O militante de extrema-direita é também alvo de inquéritos no Ministério Público por suspeitas de crimes de ódio, tendo sido constituído arguido em Novembro do ano passado depois de publicar um vídeo, no interior de uma mesquita, em que discursou contra a comunidade muçulmana.
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