Ataques contra creche e hospital no Sudão fazem 114 mortos, confirma OMS

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Ataques com drones atribuídos a paramilitares sudaneses, que atingiram um hospital e uma creche em Kalogi, no sul do país, na quinta-feira, causaram 114 mortes, incluindo 63 crianças, confirmou nesta segunda-feira a Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Ataques repetidos no Estado de Kordofan do Sul, no Sudão, atingiram uma creche e, pelo menos três vezes, o hospital rural de Kalogi, localizado nas proximidades. O saldo é de 114 mortos, incluindo 63 crianças, e 35 feridos”, anunciou o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citando uma estimativa do sistema da OMS de vigilância de ataques contra cuidados de saúde.

O chefe da unidade administrativa de Kalogi, Essam al-Din al-Sayed, anunciou no domingo à AFP que três ataques atingiram, a 4 de Dezembro, “uma creche, depois um hospital” e, em seguida, “pessoas que tentavam socorrer as crianças” nesta cidade de Kordofan do Sul, controlada pelo exército sudanês.

O responsável local atribuiu o ataque aos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FSR), em guerra com o exército desde Abril de 2023, e aos seus aliados do Movimento Popular de Libertação do Norte do Sudão.

“Os paramédicos e socorristas foram alvejados enquanto tentavam transportar os feridos da creche para o hospital”, confirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, lamentando “estes ataques insensatos contra civis”.

O primeiro-ministro do Sudão, Kamil Idris, acusou no domingo o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR) de cometer um “crime de guerra” ao bombardear na quinta-feira o sul do país, matando pelo menos 114 pessoas, incluindo crianças.

Num comunicado, Kamil Idris classificou o bombardeamento como “um acto bárbaro e selvagem”, que “constitui um crime de guerra em toda a sua extensão”, confirmando “que a milícia cumpre todos os critérios para ser classificada como organização terrorista que ataca civis, incluindo crianças em idade pré-escolar”.

O primeiro-ministro sudanês apelou às organizações internacionais e de direitos humanos para que “condenem este incidente atroz, sem precedentes e desumano, perpetrado pela milícia rebelde e por aqueles que a apoiam, financiam e treinam”.

António Guterres já condenou o ataque. “O secretário-geral está consternado com as notícias que indicam que dezenas de crianças e outros civis morreram nos últimos ataques mortais em Kordofan do sul” do Sudão, afirmou num comunicado o seu porta-voz, Stéphane Dujarric, que sublinhou que o líder da ONU “condena todos os ataques contra pessoas e infra-estruturas civis, salientando que os ataques contra escolas e hospitais podem constituir graves violações do direito internacional humanitário”.

Guterres, que também lamentou o ataque contra um comboio humanitário na região vizinha de Kordofan do Norte, pediu que não se repitam na região “as terríveis violações e abusos dos direitos humanos denunciados em El-Fasher nos últimos meses, bem como as denúncias de graves violações do direito internacional humanitário”.

Neste contexto, Guterres exortou todos os Estados com influência junto das partes a “adoptarem medidas imediatas e a usarem a sua influência” para obrigar ao fim imediato dos combates e à interrupção do fluxo de armas que alimenta o conflito.

Os ataques em Kordofan intensificaram-se nos últimos meses, onde o exército sudanês controla a maior parte de dois dos três estados da região: Kordofan do Norte e Kordofan do Sul, enquanto as FAR e o seu aliado SPLM-N estão presentes em quase toda a região de Kordofan Ocidental.

A guerra no Sudão causou a morte de dezenas de milhares de pessoas e transformou o país no palco da pior crise humanitária do planeta, com mais de treze milhões de deslocados internos e externos e insegurança alimentar aguda que afecta mais da metade da população, segundo a ONU.

A OMS registou um total de 63 ataques contra estabelecimentos de saúde no Sudão este ano, que causaram 1611 mortes e 259 feridos. Entre esses ataques, 52 atingiram os trabalhadores, 45 as infra-estruturas e 32 os pacientes.

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