A frase
Cinco países são responsáveis [por] 60% das emissões. Putin e Xi não aparecem desde 2015. Trump nunca apareceu. E Modi também não vai. Os restantes vão ficar a discutir exactamente o quê?
– Rodrigo Moita de Deus, escritor, numa publicação do X
O contexto
Começou esta segunda-feira, 10 de Novembro, e estende-se até ao dia 21 mais uma edição da Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas. É já a 30.ª edição do evento, que este ano acontece em Belém do Pará, no Brasil.
Além da definição de trajectórias conjuntas para alinhar os países presentes na direcção do cumprimento dos objectivos do Acordo de Paris, as COP servem também para definir verbas que possam ajudar os países a mitigar os efeitos das alterações climáticas.
Antes da cimeira oficial, onde se juntam delegações dos diferentes países que participam nas negociações, acontece geralmente uma Cimeira de Líderes na qual os representantes dos países discursam, colocando o evento no plano mediático.
Dentro e fora das redes sociais, há quem duvide da eficácia destas cimeiras, apontando a ausência dos líderes dos países mais poluidores como argumento para questionar a sua utilidade. Será que cinco países são responsáveis por 60% das emissões? E que a discussão é inútil porque os seus líderes não participam? Vamos os factos.
Os factos
Não é completamente verdade o que escreve um utilizador do X sobre haver cinco países que, em conjunto, são responsáveis pela emissão de 60% dos gases com efeito de estufa. O último relatório da Comissão Europeia sobre esta matéria aponta a China, os Estados Unidos, a Índia, a União Europeia, a Rússia e a Indonésia como os principais poluidores — responsáveis, em conjunto, por 64,2% do consumo global de combustíveis fósseis e por 61,8% das emissões globais de gases com efeitos de estufa.
Os números deste relatório de 2025 mostram ainda que, entre os principais emissores, a China, a Índia, a Rússia e a Indonésia aumentaram as emissões em 2024 face a 2023. A Indonésia registou o maior aumento relativo e a Índia, o maior aumento absoluto.
Um outro relatório da Comissão Europeia publicado em Setembro deste ano escreve que, em 2024, as oito economias mais poluidoras contribuíram para a emissão de 66,2% do total de gases com efeito de estufa. E elenca-as: China, Estados Unidos, Índia, UE, Rússia, Indonésia, Brasil e Japão.
No entanto, apesar de esta lista incluir os 27 Estados-membros da UE, a União Europeia e o Japão reduziram as suas emissões em 1,8% e 2,8%, de 2023 para 2024, respectivamente.
Quanto à alegada ausência dos principais líderes, não é tão linear como escreve Moita de Deus, no antigo Twitter. Além disso, as negociações nas COP fazem-se com a presença de delegações dos diferentes países, responsáveis pelas negociações, não sendo propriamente necessária a presença do primeiro-ministro ou outro alto representante de um país.
De qualquer forma, não é completamente verdade que o primeiro-ministro russo Vladimir Putin e o presidente chinês Xi Jinping não apareçam desde 2015. Nesse ano estiveram os dois presentes. O discurso de Xi Jinping, por exemplo, está disponível online e também não faltam notícias sobre a viagem de Putin à Cimeira.
Há também registos de que Putin discursou remotamente na COP26, escrevia a agência Reuters em 2020. No mesmo ano, a participação do presidente chinês no evento foi um discurso escrito, como também se pode consultar num outro artigo publicado pela mesma agência.
Em relação a Donald Trump, a posição do presidente norte-americano em relação às alterações climáticas é conhecida. Na edição deste ano, em particular, os líderes dos países presentes na COP30 receiam a possibilidade de a Administração Trump tentar perturbar as negociações, mesmo sem enviar nenhuma delegação, como noticiou a Euronews. Isto prova, em certa medida, que não é a presença física dos líderes dos países que dita a participação de um determinado país nesta discussão mundial.
A agência Reuters também permite encontrar evidências de que o primeiro-ministro da Índia Narendra Modi esteve presente na COP28, no Dubai. Este ano, no entanto, segundo a Euronews, delegou a representação do país ao seu embaixador no Brasil, Dinesh Bhatia.
O veredicto
Não são cinco os países ou economias responsáveis por 60% das emissões de gases de estufa, mas sim seis. Quanto aos líderes presentes nestas cimeiras, a alegação em causa também não está 100% correcta.
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