Bastaram 16 segundos para mudar a vida de Kristin Cabot. É uma frase cliché, mas que se aplica a este caso. Até 16 de Julho, a directora de recursos humanos (RH) da Astronomer era uma mulher desconhecida. Tudo mudou quando foi filmada pela kiss cam num concerto dos Coldplay numa posição que indiciava intimidade com o seu chefe, Andy Byron, então CEO da empresa de tecnologia norte-americana. Passaram-se cinco meses e Cabot decidiu quebrar o silêncio: “Não acabou para mim, nem para os meus filhos. O assédio nunca acabou.”
É a primeira vez que a ex-directora de recursos humanos fala sobre o momento que se tornou viral, depois de Chris Martin ter exposto a dupla no concerto em Massachusetts, nos EUA. “Ou estão a ter um caso, ou são apenas muito tímidos”, disse o vocalista à multidão, depois de o casal ter tentado fugir das câmaras, num vídeo que teve mais de 100 milhões de visualizações no TikTok, logo nos primeiros dias.
Foi o início do pesadelo, classifica agora Kristin Cabot em duas entrevistas ao New York Times e ao britânico The Times. Ao início, confessa ter pensado “Meu Deus, eu magoei pessoas. Magoei pessoas boas”, mas rapidamente percebeu que se tornaria um alvo. “Quero que os meus filhos saibam que podem cometer erros e que podem realmente fazer asneira. Mas não precisam de ser ameaçados de morte por causa disso”, declara, confessando que recebeu mais de 50 ameaças de morte — e “não 900 como saiu na revista People”, acrescenta.
Não fala de ânimo leve e reconhece na conversa com o New York Times: “Tomei uma decisão errada, bebi demais, dancei e agi de forma inadequada com o meu chefe. E isso não é pouca coisa. Assumi a responsabilidade e desisti da minha carreira por causa disso. Esse foi o preço que escolhi pagar.”
Antes daquela noite, garante que nunca tinha beijado o chefe, Andy Byron, nem estavam numa relação extraconjugal, como imaginou Chris Martin, mas admite que tinha “uma paixoneta” por ele desde que o conheceu em 2024, apesar de saber que os sentimentos eram inapropriados do ponto de vista profissional. “Ele era o tipo de chefe que garantia que todas as mulheres tivessem voz activa, que eu tivesse a mesma força que qualquer outra pessoa na sala”, elogia.
Kristin Cabot garante que, em Julho, já estava separada do ex-marido e encontrava-se no processo de divórcio — curiosamente, aquele também estava no mesmo concerto, soube-se depois. “Tornei-me um meme, fui a gestora de RH mais difamada da história dos RH”, diz ao Times, depois de ter contratado uma consultora de comunicação para a apoiar neste processo de recuperação da sua reputação.
Os memes foram o menor dos problemas, garante, lamentando também o assédio que têm sofrido os seus dois filhos adolescentes, que ainda nem aceitam que Cabot os vá buscar à escola. “Eles estão zangados comigo. E podem ficar zangados comigo para o resto da vida — tenho de aceitar isso”, declara, com mágoa.
Não voltou a falar com Andy Byron (“conversar um com o outro tornaria muito difícil para todos seguirem em frente”, justifica) e, como tal, diz desconhecer se o ex-chefe recebeu tanto ódio nas redes sociais, como aquele com que ela teve de lidar, mas lembra: “Acho que, como mulher, tal como sempre acontece com as mulheres, fui alvo da maior parte dos abusos. As pessoas diziam que eu era uma ‘caçadora de fortunas’ ou que ‘dormi com todos para chegar ao topo’, o que não pode estar mais longe da realidade.”
Esse ódio veio sobretudo de outras mulheres — celebridades, como Whoopi Goldberg e Gwyneth Paltrow, a ex-mulher de Chris Martin, que se tornou rosto de uma campanha da Astronomer, lideraram as críticas públicas. “Os meus filhos tinham medo de que eu morresse e que eles também fossem morrer”, insiste, contando como todos os seus contactos foram publicados na Internet, o que abriu espaço a mais assédio.
Chegou a ter mais de 600 chamadas por dia e, em simultâneo, teve paparazzi no exterior da sua casa. Agora tudo acalmou, ainda que continue a colher os efeitos do escândalo. Com uma longa carreira nos recursos humanos, continua à procura de trabalho e já lhe responderam em entrevistas que era “impossível” contratá-la. “Tem sido como uma marca indelével; as pessoas apagaram tudo o que conquistei na minha vida e na minha carreira. Esta não pode ser a palavra final”, lamenta.
Até agora, Andy Byron, que se demitiu de CEO da Astronomer, mantém-se em silêncio sobre o escândalo e desapareceu da esfera mediática. De acordo com os sites de celebridades norte-americanos, o empresário de tecnologia mantém-se casado com a companheira de longa data, Megan Kerrigan.
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