Depois de dar volta ao mundo, casal brasileiro finca raízes em Portugal

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Leonardo Spencer, 41 anos, de São Paulo, administrador e viajante, e Rachel, 39, do Rio Grande do Sul, economista, viajante e empreendedora, acumularam muitas histórias ao longo do período em que mantiveram os pés na estrada para realizar o sonho de conhecer o mundo.

Não por acaso, tornaram-se fonte de informação para turistas e aventureiros a partir das experiências retratadas no Blog Viajo logo Existo. Hoje, o casal vive em Portugal, onde nasceram os dois filhos, Rafael e Bella, e onde tem uma empresa que presta consultoria nos ramos de viagens e turismo.

Ele, então com 29 anos, dos quais 10 anos de mercado financeiro, e ela, com 25, se conheceram no banco norte-americano em que Leo trabalhava e decidiram dar uma virada de rumo nas suas vidas e ganhar o mundo em um périplo, tal qual o português Fernão de Magalhães, no século XVI. A diferença é que trocaram a caravela do intrépido lusitano por um jeep Defender, ano 2005, “pé duro”. Leo era amante de surfe e fotografia e Rachel fazia questão de manter um estilo de vida básico, sem supérfluos.

Leo conta que tudo começou quando, em 2011, se deparou com o livro Challenge Your Dreams (Desafie Seus Sonhos, em tradução livre), do casal Robert Ager, inglês, e Grace Downey, brasileira. Os dois haviam viajado o mundo durante cerca de quatro anos, em um carro utilitário semelhante ao que ele e Rachel adquiriram posteriormente para viverem as aventuras deles.

A costa dos corais na Austrália. Viagem realizada por Rachel e Leo em 2016
Arquivo pessoal

“Ali foi plantada a semente, e nos perguntamos se seria uma loucura largar tudo para viajar pelo mundo”, lembra ele. O que parecia loucura se transformou numa grande experiência de vida. Foram 127 países, primeiro, com o jeep, entre 2013 e 2017, depois, de avião, navio e trem. As aventuras vividas por Leo e Rachel resultaram em quatro livros intitulados Um Ano na América, Viajo Logo Existo na Europa, África Selvagem e Ásia e Oceania.

Partida triunfal

Tanto Leo quanto Rachel reconhecem que foi desafiador romper com o trabalho, sobretudo num momento em que estavam em ascensão profissional nas empresas em que estavam empregados. Foi o facto de verem os problemas comuns dos colegas, que reclamavam da rotina entediante, o elo que faltava para a tomada da decisão que mudaria a vida deles. “Os colegas estavam sempre cansados, desmotivados, envelheciam fazendo a mesma coisa e só não saíam do emprego por causa do dinheiro”, ressalta Leo, que se questionava: “Isso é para sempre?”

A partida rumo ao mundo se deu em 4 de Maio de 2013, do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. “Eu venho de uma família muito simples, paupérrima, do interior, e viajar sempre foi um sonho, mas muito distante. Era coisa dos livros”, diz Rachel, para quem o projeto representava uma mudança radical de vida e uma conquista. “Eu falava para mim: vou fazer um projeto que me trará realização pessoal, pois sempre foi um sonho ver o mundo de perto”, relembra.

Rachel assinala que, quando da partida do Brasil, ela e Leo decidiram que retornariam ao país no final de 2016. Seriam três anos de viagem, período que consideravam suficiente para a experiência. “O pensamento era o seguinte: nós voltaríamos para trabalhar no mercado financeiro e, depois, repensaríamos o que fazer”, relembra ela. Os três anos se transformaram em quase dez.

Rachel no Uzbequistão, em 2019
Arquivo pessoal

O casal se aproveitou do que definem como “nascimento da indústria da criação de conteúdo e da influência” por meio das redes sociais. E foi a base se seguidores das aventuras relatadas por eles que financiou os livros e as produções de imagens e palestras, que se tornaram importantes para o sucesso da viagem, que prosseguem até hoje.

Muitos mundos

Para Leo, foi muito bom constatar, com os anos seguidos de viagens, que, com dedicação e organização, consegue-se montar projetos que, muitas vezes, parecem difíceis. “Não vou dizer impossível, mas muito difícil, e aquilo me encheu de confiança, porque as pessoas falavam que não chegaríamos nem no Uruguai, país vizinho do Brasil”, afirma.

Ele lembra ainda que, quando decidiram partir, um mês depois de casados, muita gente falava que não daria certo, que brigariam e acabariam se separando. “Quando olhamos para trás, vemos o quanto foi fácil no sentido da parceria, de criar cumplicidade, o que nos fez crescer como pessoas. Foi muito compensador”, ressalta.

O casal não se esquece, porém, dos “perrengues” que viveram em regiões da África e na Índia, onde o jeep enguiçou. “A grande experiência mesmo foi ter absorvido a compreensão de que projetos como esse, com muitos desafios enfrentados, se consegue fazer com o espírito certo e vontade. Entre tropeços e acertos, a coisa acontece”, pontua.

Leo e Rachel asseguram que as viagens lhes mostraram que o mundo é muito maior do que as pessoas pensam, em termos do que é a natureza, a evolução da fauna e da flora e do convívio humano. “Quando você viaja, um novo mundo se abre”, assinala ele.

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