A posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a ministra da Saúde e sobre o estado geral da pasta que Ana Paula Martins tutela foi recebida de formas distintas pelos candidatos presidenciais Catarina Martins, Henrique Gouveia e Melo e Luís Marques Mendes.
Marcelo Rebelo de Sousa observou, nesta quinta-feira, durante o encerramento de uma conferência sobre os 50 anos do Serviço Médico na Periferia no Instituto Universitário de Lisboa, que prevalece o “casuísmo” na gestão da saúde, com “soluções para o curtíssimo prazo” e “linhas cinzentas” entre as responsabilidades do Governo e da Direcção Executiva do Serviço Nacional de Saúde.
Para a candidata do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, as palavras do chefe de Estado serviram como uma desresponsabilização do Governo e da ministra da saúde pela degradação do SNS.
“Tenho muita dificuldade em compreender a posição do Presidente da República, que, por menos, no passado, pediu a demissão de ministros, precisamente para dizer que não é possível alguém deixar que coisas destas aconteçam sem responsabilidade política, sem mudar”, apontou a ex-coordenadora do BE, durante uma visita ao Centro Social S. Francisco Xavier, da Cáritas de Setúbal, citada pela Lusa, acrescentado que “é preciso investir no Serviço Nacional de Saúde”.
“É preciso que o Serviço Nacional de Saúde tenha equipas dedicadas. Enquanto acharmos que tudo se resolve com cortes e prestadores de serviço, vamos ficar cada vez piores”, elaborou.
Pelo contrário, Gouveia e Melo, que se apresenta como independente às eleições de 18 de Janeiro, declarou concordar com o actual Presidente da República no que diz respeito a um acordo político sobre a saúde. “Os governos vão-se sucedendo e os problemas vão continuando. Temos de encontrar uma solução de médio ou longo prazo, mas, infelizmente, temos vivido ciclos curtos de governação, o que prejudica a adopção de soluções”, criticou.
De acordo com o antigo chefe do Estado-Maior da Armada, quando vem um novo Governo, “acha que tem de reinventar a roda e acaba por destruir o que foi feito antes ao pretender reconstruir tudo zero”.
“E depois não só não tem tempo para reconstruir, como acaba por desfazer o que já estava a funcionar antes. De facto, os portugueses têm uma saúde que não lhes responde”, lamentou.
Também Marques Mendes, que tem o apoio do PSD, manifestou concordância com Marcelo Rebelo de Sousa — “eu defendo, desde Março, um acordo de regime para mudar o modelo de organização e de gestão do Serviço Nacional de Saúde” —, mas não deixou de apontar a mira à ministra da Saúde, alertando-a para o facto de que, depois de estar há mais de um ano em funções, “já não chega ter diagnósticos, estados de alma ou desabados”. E declarou: “É preciso ter soluções.”
“As pessoas, em concreto, o que querem é que se resolva os problemas delas. Agora, se é por via da ministra, da secretária de Estado ou do primeiro-ministro, que encontrem soluções, porque já é tempo. Um ano e meio é tempo para ter soluções, não posso ser mais claro”, sublinhou Marques Mendes.
E deixou clara a vontade de se ocupar desta pasta, em particular se conseguir a eleição. “Eu tenho sempre acentuado que, para mim, a coisa mais importante é um Presidente da República ter um poder mediador, um poder de árbitro, de fazer pontes, de juntar as partes. E já identifiquei quais são os sectores em que deve acontecer essa capacidade de diálogo, com a saúde à cabeça.”
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