Liguei para o debate Mendes-Cotrim, acabei no confessionário da Casa dos Segredos

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É a TVI, uma pessoa lembra-se logo de um Big Brother, de uma Casa dos Segredos, mas é um debate presidencial que aí vem às 21h00, só que, espera, afinal parece que dois candidatos – João Cotrim de Figueiredo e Luís Marques Mendes – são concorrentes, que foram chamados a um confessionário de um reality show para se enfrentar, cara a cara, sem os outros concorrentes ali ao lado, estão só os dois a falar para resolverem problemas passados, mais para mostrarem que o outro merece ser expulso da casa do que propriamente interessados em captar votos para si.

“Fui vítima de ataque pessoal muito feio e lamentável da parte de João Cotrim de Figueiredo: numa entrevista ao Expresso disse que eu ou pessoas por mim o pressionaram para desistir da sua candidatura. Uma acusação muito séria e muito grave”, atira logo Marques Mendes numa “questão prévia”, ignorando a pergunta feita pelo jornalista sobre o mercado laboral – José Alberto Carvalho aceitou a continuação da discussão, qual Teresa Guilherme a aceitar o conflito nos reality, porque vai dar “canal”, é irresistível perceber o que dali sairá.

“Uma leviandade enorme para quem quer ser Presidente da República”, um “André Ventura envergonhado, que faz acusações e não as prova, isso não o recomenda para Presidente da República, até o desqualifica”, ataca Marques Mendes. O social-democrata está incomodado com a acusação do liberal de que tinha havido pressões da sua parte para desistir do reality, perdão, da corrida presidencial.

Cotrim de Figueiredo diz que está preparado, já sabia que tinha de responder sobre esse tema: “Ainda bem que entra ao ataque”. Mas não há nomes para dizer, insiste apenas que houve “apoiantes destacados” a pressionarem-no.

Mas o candidato, que foi o director-geral da TVI que para ali levou a primeira edição da Casa dos Segredos, traz uma acusação para a troca, porque ainda não é tempo para os problemas presidenciáveis, e até tenta deixar no ar que há segredos do lado de Marques Mendes. “Publiquei um livro há poucas semanas onde explico a minha vida profissional. Sei que vai sair um livro em que resume os 18 anos desde que saiu do Governo em cinco páginas. Ficamos sem saber se tem alguma coisa a esconder?”

“Continue nas insinuações, tem alguma coisa a concretizar?”, contrapõe Mendes, “não, nada”, recebe de resposta de Cotrim, “uma tentativa de assassinato de carácter”, segue o ex-líder do PSD. São diálogos semelhantes aos de cenas de reality shows que ainda nadam pelo Youtube, um bálsamo para um programa de domingo à noite que é praticamente um sábado, porque há um feriado a seguir, e dá bem para passar algum tempo a ver cenas de discussão, perdão, debate presidencial.

Há problemas para resolver no país, mas também na relação de Cotrim e Mendes, são adversários que as sondagens mostram que se sobrepõem. Como um pode prejudicar o outro numa passagem à segunda volta, têm muito para discutir e para se diferenciarem, mas lá perceberam que afinal não basta apenas falar sobre ambos, é preciso abrir espaço aos temas políticos, como dar mais força aos jovens, como lidar com a reforma do mercado laboral, sempre com farpas ao outro lado, mas é um debate, faz parte.

Um candidato a Presidente da República “só se pronuncia com o texto final” da proposta de reforma laboral, este “está longe de ser um texto final”, aponta Mendes; “os candidatos têm obrigação de dizer o que é que pensam”, atira Cotrim. “Sou mais ambicioso no plano social do que João Cotrim de Figueiredo”, diz Mendes; “exibiu algumas fraquezas no raciocínio económico, permita-me que lhe diga, com toda a amizade”, continua Cotrim.

Discute-se quem é mais prudente, mais ambicioso, se é pela estabilidade ou pela mudança, mas parece que ambos se esqueceram que os outros concorrentes – aqueles que não foram hoje ao confessionário, perdão, ao debate – também podem ganhar.

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