
Quem passasse esta quarta-feira pela travessa das Escadinhas da Praia, no bairro alfacinha de Santos, era ainda a iconografia do Kremlin, a sua cor vermelha, a sua diva estrelada que poderia ver na fachada. Tirando uma porta entreaberta para as obras, nada faria perceber que esta casa, cuja história como Kremlin remonta à abertura a 22 de Dezembro de 1988, já tinha novo baptismo e nova vida. Mas o certo é que não só tem já o destino escrito como Santuário, como até deveria abrir ao público na quinta-feira. Porém, Lisboa vai ainda ter de esperar um pouco mais: as obras atrasaram, confirmou à Fugas a agência de comunicação do espaço e aguarda-se nova data de estreia.
O novo espaço, à frente do qual se mantém a mesma equipa que já estava no Kremlin desde 2016, apresenta-se poucos meses depois do encerramento do Kremlin, que ao longo de quase quatro décadas enfrentou muitos problemas e polémicas. O caso mais recente, em Setembro, levaria ao fim: o Tribunal Judicial de Lisboa ordenou o fecho da casa, após queixas de moradores por ruído excessivo. Decidida a mudança de nome e conceito, os responsáveis pelo novo Santuário garantem que o problema do barulho não voltará a existir.
O isolamento acústico, garante o DJ Filipe Martins – também conhecido como Dub Tiger, que com o empresário Fernando Rodrigues, lidera o projecto -, é parte integrante das obras que entretanto decorreram. Tudo, diz, “para garantir um som confortável para o negócio e evitar perturbar os vizinhos”.
Sobre a decisão de pôr fim à vida do Kremlin, diz que, após “quase nove anos de sucesso” com a antiga discoteca, a equipa sentiu que o ciclo havia terminado, optando por um “remake total” em vez de continuar com o mesmo nome e conceito.
Nuno Ferreira Santos
Enterrado o Kremlin, o Santuário, já se sabe, não será apenas bar e disco. Apresenta-se como um “ecossistema sensorial” de “música, arte e gastronomia”. “Queremos fazer um refresh à vida nocturna de Lisboa e à experiência de entretenimento na cidade”, adianta Filipe Martins.
O espaço será também casa de um conceito after work a partir das 20h, “com jantares de degustação com chefs e um serviço intimista”. O objectivo, realça o DJ e produtor, “é implementar uma cultura de diversão que comece mais cedo, logo após o trabalho. A ideia é fazer as pessoas perceberem que a diversão não se limita” às altas horas da noite.
O Santuário, quer, assim, alinhar-se a uma tendência global onde eventos diurnos estão a ganhar protagonismo em comparação com as discotecas tradicionais. As pessoas querem sair, mas querem-se levantar cedo e ir ao ginásio ou fazer outras coisas, acrescenta Martins. Inicialmente, o after work funcionará sob reserva para “garantir uma experiência preparada e exclusiva” e, claro, quem nele participar “pode seguir pela noite dentro”.
Nuno Ferreira Santos
Adeus Moscovo, olá Tulum
“Quando imaginámos o Santuário, quisemos criar um lugar que estimule os sentidos e desperte curiosidade. Cada detalhe foi pensado para surpreender e envolver, oferecendo uma experiência única a quem nos visita”, refere o DJ e produtor.
O império maia, mais propriamente a lendária cidade de Tulum, no México actual, é a grande fonte de inspiração imagética para o espaço. “O design interior incorporará elementos como pedra e vegetação, tem várias esculturas e traz espiritualidade, daí o nome Santuário”, explica Filipa Martins.
Os interiores passaram por obras estruturais “significativas”. O DJ diz que “as arcadas de pedra originais foram mantidas como base, mas todo o interior foi redesenhado para reflectir a nova identidade inspirada no México”. Os proprietários escolheram ainda “infra-estruturas de som, iluminação e produção audiovisual de última geração”, a pensar “em experiências imersivas e performances multidisciplinares, expandindo os limites do formato tradicional de clube”. Até agora, as imagens de divulgação são apenas as computadorizadas, do projecto de decoração de interiores.
dr
Na Main Room, palco central, o som e a arte irão fundir-se sob a narrativa visual assinada pelo artista RAF. Já o Éden será um “refúgio privado e exclusivo dedicado à contemplação, conexão e indulgência”. Há ainda zonas de gastronomia e performance que se transformam ao longo da noite.
Para Filipe Martins, Lisboa merece espaços que desafiem o formato tradicional de club. “Queremos oferecer à cidade um lugar que funcione simultaneamente como palco, restaurante, laboratório criativo e ponto de encontro cultural.” Está aberto a receber eventos corporativos, activações de marca, jantares privados e experiências imersivas. “Cada evento será pensado como uma narrativa própria.”
A música será predominantemente electrónica, “abrangendo várias vertentes como house, tech house, deep house e afro house”.
Na fase inicial, o Santuário estará aberto nos fins-de-semana e vésperas de feriado.
Disclaimer : This story is auto aggregated by a computer programme and has not been created or edited by DOWNTHENEWS. Publisher: feeds.feedburner.com





