
António José Seguro, esta segunda-feira à noite, deu a primeira entrevista como candidato à presidência da República apoiado pelo Partido Socialista. Ainda assim, na SIC, reafirmou a sua posição enquanto “homem livre e independente”, que não questiona de que lado do espectro político vieram as pessoas que o apoiam e esclarece que é um candidato apoiado por um partido, e não o candidato de um partido.
Na entrevista com a jornalista Clara de Sousa, o ex-secretário-geral do Partido Socialista, que viu a sua candidatura apoiada por este partido no domingo, assumiu ter ligado a José Luís Carneiro para agradecer a decisão. “Estou muito grato por um partido fundador da democracia portuguesa ter expressado o apoio à minha candidatura”, começou.
Questionado sobre se este apoio surge por convicção ou por falta de alternativa, Seguro relembra que o partido, nos últimos anos, apoiou a candidatura de Mário Soares, Jorge Sampaio, Manuel Alegre e, agora, a sua. No entanto, a decisão — que surgiu quatro meses depois do anúncio da sua candidatura — não faz dele o candidato do Partido Socialista. “Sou um homem livre, a minha candidatura é suprapartidária (…) Há uma diferença entre ser um candidato apoiado por um partido e ser o candidato de um partido”.
Ainda sobre o mesmo tema, disse que o apoio do PS é “um apoio que se soma a todos os apoios”, mas que “todos os progressistas e humanistas” são bem-vindos. Enquanto candidato, quis reforçar a ideia de que não olha para as cores políticas no que concerne aos seus apoiantes. “Não pergunto às pessoas de onde vêm, pergunto para onde querem ir. Se há pessoas que me apoiam e que são mais de centro direita devo recusar?”, respondeu perante a questão sobre um jantar com figuras que trabalharam com Pedro Passos Coelho. Para equilibrar a acusação, relembra que, na mesma altura, recebeu o apoio de “cinco personalidades de centro esquerda”, que teriam apoiado Jorge Sampaio e Sampaio da Nóvoa.
“Em Portugal há uma cultura de trincheiras, eu quero uma cultura de compromisso (…) Eu não reuni com nenhum líder partidário desde que apresentei a minha candidatura, o jogo partidário não me seduz, e a minha candidatura é genuína quanto à sua natureza. Quero ser um Presidente da República para unir os portugueses e servir Portugal”, sublinha. Aliás, o homem que esteve afastado da vida política por uma década diz que “podia ficar sentadinho no sofá, a gozar da praia e a dar aulas”, mas que sentiu um apelo.
As críticas a Marcelo e as outras posições
Sobre o que se pode esperar de António José Seguro no cargo, mesmo garantindo que não se baseia nos que o antecederam, afirma rever-se na “firmeza de Ramalho Eanes, na visão de Mário Soares e no humanismo de Jorge Sampaio”.
Quanto a Marcelo Rebelo de Sousa, assume que o actual Presidente apaziguou a sociedade, só que desvalorizou a palavra presidencial. “A palavra não pode ser banalizada. A palavra de um Presidente tem de ter consequência e ele tem de saber quando e onde é que a usa”, diz por oposição ao actual governante. “Serei muito mais activo, mas de forma discreta para resolver problemas, mais do que propriamente um Presidente que fala todos os dias para aparecer nos telejornais”, conclui sobre o assunto, num claro ataque a Marcelo Rebelo de Sousa.
Sobre alguns temas que marcam a actualidade política, Seguro esquivou-se de posições comprometedoras. Ao nível da proibição da burqa, afirmou não querer “jogar o jogo partidário e parlamentar”, relembrando que “o papel do Presidente é esperar que os decretos do Parlamento lhe cheguem”, criticando apenas a estigmatização de minorias e a subjugação de mulheres. Apesar das críticas a Marcelo Rebelo de Sousa, o candidato concordou, contudo, com a promulgação da lei dos estrangeiros.
No final da entrevista, em respostas mais curtas, assumiu a vontade de continuar a viver nas Caldas da Rainha mesmo se for eleito Presidente da República, assumiu-se contra o serviço militar obrigatório e a falta de vontade de usar a “bomba atómica” constitucional que é a dissolução do Parlamento. Ademais, aproveita para exprimir que não acredita que o chumbo de um Orçamento do Estado tenha de levar à dissolução do Parlamento.
Seguro não tenciona ser “apenas um notário” e reforça o seu respeito pelo cumprimento da Constituição. Será, se eleito, “um aliado do Governo que estiver ao serviço”, nunca “um primeiro-ministro sombra”. Em últimas notas, sobre o homem que lhe ganhou a liderança do partido em 2014, mesmo tendo em conta as divergências e “o que aconteceu”, Seguro diz “não ter nada a perdoar a António Costa”, por não ser “uma pessoa de rancores”, nem de procurar “o futuro no avesso do passado”, deixando o desejo de que o antigo primeiro-ministro seja “bem-sucedido” enquanto presidente do Conselho Europeu.
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