
Francisco Pinto Balsemão morreu esta noite, aos 88 anos. A notícia foi comunicada pelo próprio primeiro-ministro durante o Conselho Nacional do PSD, à porta fechada, tendo sido ouvido um longo aplauso por parte dos conselheiros nacionais do partido do qual Pinto Balsemão foi fundador. Recordado pelo primeiro-ministro como um “lutador”, Luís Montenegro anunciou a intenção do Governo de decretar luto nacional no dia das cerimónias fúnebres.
À margem da reunião, Luís Montenegro começou por sublinhar a consternação pela morte do fundador do PSD, notando a “justa, merecida, calorosa e profunda homenagem” dos conselheiros “àquele que é o símbolo da fundação” do partido.
O primeiro-ministro destacou que Francisco Pinto Balsemão, juntamente com Magalhães Mota e Francisco Sá Carneiro, “patrocinaram e fomentaram o acto de constituição do PPD, na altura, hoje PSD, estruturando a sua matriz ideológica e afirmando os seus princípios programáticos e os seus valores que ainda hoje inspiram, que ainda hoje alimentam, que ainda hoje, de resto, estiveram bem presentes naqueles que foram os protagonistas de candidaturas autárquicas”.
Para Luís Montenegro, esta é “uma notícia muito triste de alguém que foi sempre muito próximo, que foi sempre muito presente, até ao fim, sempre com uma palavra amiga, com uma palavra de estímulo, com uma palavra de apreciação, de análise, que em todas as campanhas eleitorais, em todos os momentos de reflexão, nunca escondeu os seus pontos de vista e muitas vezes espicaçava para poder aprofundar a social-democracia à luz daquela que é a situação hoje do país, da Europa, do mundo”.
Falando num “democrata” e também “fundador da nossa democracia”, Montenegro sublinhou o papel de Balsemão na liderança do Governo da Aliança Democrática original e o facto de os seus valores e princípios serem a “matriz identitária do PSD”.
“Ele foi sempre um lutador”, acrescentou também o chefe do Governo, notando o papel de Balsemão também na luta por uma “comunicação social livre, dos valores e princípios da liberdade de informação”.
Questionado sobre o decretar do luto nacional, o primeiro-ministro disse que a intenção é a de decretar no dia em que se vão realizar as cerimónias fúnebres, sobre as quais ainda não tem qualquer informação.
Marcelo: “Portugal nunca o esquecerá”
Para o Presidente da República “Portugal perdeu uma das personalidades mais marcantes dos últimos sessenta anos” – “na política, na sociedade, na afirmação da liberdade de expressão e de imprensa”. “Visionário, pioneiro, criativo, determinado, batalhador, democrata, social-democrata, europeísta e atlantista, esteve em quase todos os combates de meados dos anos sessenta até hoje. Portugal não o esquece. Portugal nunca o esquecerá”, refere Marcelo Rebelo de Sousa numa nota publicada no site da Presidência da República.
O chefe de Estado lembra que, na política, Pinto Balsemão foi “deputado da Ala Liberal, e, nela, coautor dos projectos de revisão constitucional, lei de imprensa, lei de reunião e associação e lei de liberdade religiosa, para mudar o Portugal do final de sessenta e início de setenta”. Depois do 25 de Abril, foi “fundador do PPD, hoje PSD, vice-presidente da Assembleia Constituinte, parlamentar, governante, presidente do partido e primeiro-ministro, durante a revisão constitucional que pôs termo ao Conselho da Revolução, com a transição para a democracia plena, longevidade, conselheiro de Estado”.
“Desde os anos 70 do século passado até ao novo século, [foi] dos políticos portugueses com efectiva projecção externa, em particular na Europa e nos EUA”. Na “afirmação da liberdade de expressão e de imprensa”, destacou-se “militando contra a censura e o exame prévio, fundando o Expresso antes do 25 de Abril, criando um novo grande grupo de comunicação social, elaborando a primeira lei de imprensa democrática, integrando o Conselho de Imprensa, lançando a SIC, revolucionando o que era a informação no final da ditadura e no início da Democracia”.
Também o presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, emitiu uma nota expressando profunda consternação pela morte de Francisco Pinto Balsemão. “membro da Ala Liberal, fundador do PPD, deputado constituinte e à Assembleia da República, primeiro-ministro e criador do grupo Impresa, Balsemão viveu uma vida longa e frutuosa, que se confunde com a própria História da democracia portuguesa”, sublinha Aguiar-Branco, ressaltando que “até ao fim dos seus dias, Francisco Pinto Balsemão impressionou o país com a sua energia, sagacidade e espírito de inovação”. “A democracia, o Parlamento e o país prestam-lhe tributo e agradecem a sua vida de serviço público”, conclui.
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