Morreu Sofia Corradi, “mãe” do programa Erasmus

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A professora italiana conhecida como “mãe do programa Erasmus“, Sofia Corradi, morreu na sexta-feira, aos 91 anos, em Roma, noticiou o Corriere della Sera.

A notícia foi divulgada pela família da professora, que recordou uma mulher “de grande energia e generosidade intelectual e afectiva”.

Há 38 anos, Corradi foi responsável pela criação do programa Erasmus (acrónimo de European Region Action Scheme for the Mobility of University Students, ou Plano de Acção da Comunidade Europeia para a Mobilidade de Estudantes Universitários) que já permitiu que mais de 16 milhões de jovens na União Europeia estudassem noutro país europeu.

Para além dos 300 mil estudantes que beneficiam da experiência todos os anos, o projecto envolve também professores e empreendedores, graças ao Erasmus+.

A educadora nascida em Roma liderou também várias investigações sobre o direito à educação para a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, a Academia de Direito Internacional de Haia e a London School of Economics.

O vice-primeiro-ministro italiano, Antonio Tajani, escreveu na rede social X que Corradi “inspirou a vida de milhões de jovens que viajaram, estudaram e abraçaram diferentes culturas”, creditando-lhe “o nascimento da Geração Europa”.

O ministro-adjunto de Assuntos Europeus da França, Benjamin Haddad, acrescentou que “gerações de jovens europeus têm uma dívida de gratidão com ela”.

As origens do programa Erasmus

Corradi concluiu a licenciatura em Direito em 1957, com uma bolsa de estudo Fulbright na universidade La Sapienza, em Roma. Em seguida, obteve o mestrado em Direito Comparado na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos — contudo, quando regressou a Itália, o mestrado obtido no estrangeiro não foi reconhecido.

Corradi disse à RAI que a ideia lhe surgiu “por indignação” devido à situação: a universidade afirmou que não iria dar um diploma a alguém que tinha ido para os EUA “fazer piqueniques” em vez de estudar. Voltou a completar o mestrado e percebeu o valor do ano que tinha passado no estrangeiro.

Mais tarde, tornou-se consultora científica da Associação de Reitores Universitários Italianos e, em 1969, redigiu um memorando que propunha que um aluno pudesse “solicitar a conclusão de parte do seu plano de estudos em universidades estrangeiras, submetendo-o previamente à aprovação do Conselho da Faculdade”.

A proposta foi acolhida pelo ministro da Educação, Mario Ferrari Aggradi, que a adoptou como base para um projecto de reforma do sistema universitário italiano. Apesar de este nunca ter sido concretizado, em 1976 o princípio foi consagrado a nível europeu por uma resolução da CEE que incentivava o intercâmbio de estudantes entre universidades de diferentes países. Após uma década à experiência, o modelo de “mobilidade com reconhecimento de créditos” foi incorporado no Programa Erasmus, em 1987.

Fundado pelo político francês Franck Bianchieri e apoiado pelo Presidente François Mitterrand, o primeiro programa Erasmus foi aprovado sob a direcção de Domenico Lenarduzzi, director-geral de Cultura e Educação da Comissão Europeia em Bruxelas — que lutou pela sua implementação apesar da resistência dos países do norte da Europa, do Reino Unido e da própria França, devido aos custos.

Um facto curioso diz respeito às chamadas “crianças Erasmus”: estima-se que, ao longo de quase 40 anos, tenham nascido mais de um milhão de crianças de casais formados por alunos do programa, segundo a RAI.

Corradi afirmou em 2018 que a ideia do programa, nascido durante a Guerra Fria, era ser a sua “missão pacifista”.

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