
Os assaltantes irromperam pela porta das traseiras e correram para trás do balcão, ignorando a caixa registadora por cima das vitrinas. O vídeo de vigilância mostra que estavam aqui pelos bens, não pelo dinheiro.
Em poucos minutos, dentro de uma loja de Maryland, no mês passado, os assaltantes ensacaram e levaram uma carta de colecção de basebol de Jackie Robinson no valor de mil dólares, uma de Brooks Robinson dos Baltimore Orioles no valor de 1200 dólares e 500 cartas do Pokémon, algumas dentro de protecções, outras em caixas fechadas. O proprietário da Pops Sports Cards& Gaming em Essex estima que as cartas com personagens como Pikachu, Charizard e Eevee valiam pelo menos quatro mil dólares.
O Pokémon é um segmento em rápido crescimento do negócio multimilionário das cartas, com os achados mais raros avaliados em dezenas a centenas de milhares de dólares. Uma foi vendida por mais de cinco milhões de dólares. A tentação semelhante aos bilhetes de lotaria tem-se revelado atractiva para os ladrões da região nos últimos meses.
Em Reisterstown, Maryland, um homem distraiu um lojista, enquanto três outros agarravam em caixas de cartas do Pokémon e saíam. Por abrir, o prejuízo para a loja foi de cerca de 1700 dólares. Mas um único achado raro no interior da caixa pode aumentar imenso o seu valor.
Dois homens que se inscreveram num jogo de cartas em Eldersburg, Maryland, entraram sorrateiramente num escritório e roubaram três pastas de cartas Pokémon com um valor estimado em 25 mil dólares. E em Fairfax, um homem de 36 anos é acusado de ter planeado o assalto à namorada de outro homem como uma distracção para o atrair para longe de casa. Depois, segundo as autoridades, invadiu a residência vazia em Fair Oaks para roubar a colecção de cartas Pokémon no valor de 50 mil dólares.
Nas décadas anteriores, a ideia de lojas de cromos terem as suas montras arrombadas ou de coleccionadores serem assaltados depois de convenções era quase impossível, diz Matt Quinn, vice-presidente da CGC Cards, uma empresa de classificação e certificação de cartas de jogos e desporto. Mas, agora, com a elevada recompensa pelo roubo destas cartas, incidentes como estes começaram a acontecer por todo o país, refere.
“Sempre que se transportam objectos de colecção que valem dinheiro, sejam barras de ouro, cartas Pokémon, moedas, comboios de brincar, ou o que quer que seja, é preciso estar atento, ter noção de que se transportam objectos de colecção que podem ser facilmente roubados”, disse.
A indústria das cartas está avaliada em 7,8 mil milhões de dólares em todo o mundo, com um crescimento projectado para 11,8 mil milhões de dólares nos próximos cinco anos, de acordo com um relatório da Research and Markets de Maio de 2025.
O Pokémon, especificamente, registou um aumento de popularidade durante a pandemia de covid-19, uma vez que as famílias e as crianças jogaram o jogo em conjunto, os fãs de longa data — agora com rendimentos disponíveis — regressaram ao passatempo para coleccionar e os influencers, como Logan Paul, criaram conteúdos sobre os itens, aponta Nick Jarman, CEO da Certified Trading Card Association, a primeira associação comercial do sector.
O Pokémon é um franchise de entretenimento global que começou como uma série de jogos de vídeo no Japão na década de 1990 e rapidamente se expandiu para filmes, brinquedos, programas de televisão e cartas. A premissa do jogo é que um jogador pode coleccionar estas pequenas criaturas fictícias que pode capturar, treinar e depois combater com amigos ou desconhecidos para ganhar o jogo. Devido ao seu sucesso intergeracional, tornou-se num dos franchises mediáticos com maior volume de negócios do mundo, com receitas de 12 mil milhões de dólares em 2024.
As cartas podem ser avaliadas de duas formas: procura no mercado ou autenticação por terceiros. São classificadas numa escala de 1 a 10, com base em factores como a raridade, o estado de fabrico e se apresentam sinais de danos, explica Quinn. Essa nota pode ser a diferença entre uma carta valer cem ou dez mil dólares.
Para Thomas Van Blargan, proprietário da Pops Sports Cards& Gaming no condado de Baltimore, a venda e compra de cromos constitui uma parte importante da sua vida. Quando tinha nove anos e sofria de um problema de fala, coleccionar cromos ajudou-o a ler melhor na escola e a falar melhor. Nessa altura, as cartas apresentavam jogadores de basebol e, por vezes, vinham com uma pastilha elástica no pacote.
Quando se casou, a venda da sua colecção de cartas ajudou a arrecadar a entrada para a sua casa.
Após o assalto, a sua loja corre o risco de ir à falência — apenas três semanas depois da reabertura. Segundo o porta-voz do Departamento de Polícia do Condado de Baltimore, Trae Corbin, foram detidos dois suspeitos de terem assaltado a sua loja. Os detectives do caso não se mostraram disponíveis para comentar, uma vez que a investigação está em curso. “Tive um pouco de azar”, refere Van Blargan. “É difícil manter um negócio a funcionar, especialmente um pequeno negócio.”
Embora a paixão pelo desporto o tenha atraído para o negócio, as estrelas do basebol e do futebol não são a principal atracção para muitos dos clientes. São atraídos pelos pacotes de cartas de 2,5 por 3,5 polegadas que representam criaturas animadas. E sempre que coloca uma cobiçada carta Pokémon na vitrina, desaparece ao fim da semana.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
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