O Sporting passou por Tondela e não teve sustos de maior. Não teve de andar “atrás do prejuízo”, não sofreu golos e até podia ter marcado mais. Em resumo, os “leões” não tiveram grandes problemas para vencer por 0-3 a formação beirã e colarem-se ao FC Porto no topo da classificação – os “dragões” estarão nesta segunda-feira em Moreira de Cónegos para tentarem recuperar a exclusividade do primeiro lugar. O único problema que o bicampeão nacional teve foi ansiedade por não ter marcado mais. E a culpa foi do Bernardo.
A cavalgar a vitória europeia frente ao Marselha, Rui Borges manteve algumas das soluções desse jogo, nomeadamente a manutenção de João Simões no “onze” e a introdução de Geny Catamo. Nada de surpreendente. Já Ivo Vieira queria, sobretudo, solidez, que o Tondela não se portasse como a terceira pior defesa do campeonato – e essa solidez passou quase sempre pelas mãos do seu excelente guarda-redes Bernardo. Quanto a não parecer o pior ataque – apenas quatro golos marcados em quatro jogos – isso dependeria mais do que o Sporting iria deixar fazer.
Os “leões” não foram muito diferentes do que costumam ser na maior parte dos jogos do campeonato. Dominantes sem ser demasiado agressivos, quase sempre em ataque posicional e pouco adeptos de transições rápidas. Envolventes na circulação e pacientes na abertura de espaços.
As oportunidades começaram a aparecer logo nos primeiros minutos. A aproveitar um ressalto dentro da área, Pedro Gonçalves teve tudo para marcar, mas no seu caminho surgiu Bernardo Fontes a negar-lhe o golo.
Esta seria uma tendência ao logo do jogo, o Sporting a criar, Bernardo a defender. A excepção foi aos 18’, quando Luis Suárez recebeu na área, tirou dois homens do Tondela do caminho e mirou o poste mais distante – com o pé esquerdo, fez o 0-1. Era uma evolução natural para o que o jogo estava a mostrar, mas não era ainda o suficiente para o Sporting descansar, nem para o Tondela baixar os braços.
O resto da primeira parte foi um duelo dos avançados do Sporting contra o guardião brasileiro do Tondela – foram, pelo menos, mais quatro grandes defesas de Bernardo, a negar aos “leões” um resultado mais volumoso, e também alguma falta de pontaria dos avançados nos remates que não necessitaram de intervenção do guarda-redes. Do outro lado, aos 42’, Rui Silva foi desinquietado da sua posição de mero espectador ao defender um remate muito perigoso de Maranhão. Da primeira parte, foi isto.
Borges manteve o seu plano inicial, Vieira abdicou de dois dos seus mais experientes, os “desaparecidos” Ivan Cavaleiro e Rony Lopes, para dar mais músculo no ataque, com o jovem colombiano Yefrey. Mas o segundo tempo foi mais do mesmo, o Sporting a rematar, Bernardo a defender – em minutos consecutivos, 47’ e 48’, Maxi e Geny tiveram remates que mereceram aplicação do ex-Flamengo. Mais à frente, aos 58’, Suárez voltou a não passar por Bernardo – por esta altura, já ia em 11 defesas.
A tranquilidade “leonina” no jogo acabaria por chegar logo a seguir. Combinação entre Trincão e Pedro Gonçalves acabou com o 8 do Sporting do lado esquerdo a rematar com o pé esquerdo – a bola ainda desviou num defesa do Tondela antes de entrar na baliza de Bernardo. Sentiu-se um grande alívio em Pedro Gonçalves ao marcar o seu sétimo golo da época e em todos os outros jogadores “leoninos”, por ficarem mais a salvo de algum imprevisto.
E o Sporting, como também é habitual, adormeceu um pouco à sombra da bananeira de uma vitória que estava a ser fácil. Sem nada a perder, a equipa beirã foi ganhando outra presença junto da área “leonina, mas esse investimento nada rendeu no resultado. Rui Borges refrescou nas posições de ataque – entraram Ioannidis e Alisson, dois homens importantes frente ao Marselha, mais Quenda. Já perto do fim, no tempo de compensação, cruzamento bombeado de Matheus Reis para Quenda cabecear, quase dentro da baliza, para o 0-3, um resultado com outra robustez, mas curto para o que o Sporting fez. Apenas injusto para Bernardo, que não conseguiu defender tudo.
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