
A perda de confiança das empresas devido à política de mais tarifas de Donald Trump, o efeito negativo da Inteligência Artificial (IA) nas novas contratações e as medidas de cortes no Governo Federal postas em prática pela Casa Branca contribuíram, todas em conjunto, para que entre Setembro e Novembro deste ano o mercado de trabalho nos Estados Unidos da América (EUA) tivesse dado sinais de enfraquecimento, fazendo soar os sinais de alarme em relação ao rumo que está a seguir a maior economia do planeta.
Os dados do emprego publicados esta terça-feira pelo Departamento do Trabalho norte-americano surgiram com algum atraso e com algumas informações em falta, por culpa do apagão de dados provocado pela paralisação a que estiveram sujeitos diversos serviços públicos nos EUA durante os meses de Outubro e Novembro.
Não se sabe – nem nunca se irá saber – qual foi a taxa de desemprego em Outubro, por exemplo, mas agora já é possível perceber que, entre Setembro e Novembro deste ano, aquilo que aconteceu ao mercado de trabalho norte-americano foi a confirmação de um abrandamento que há muito já era previsto.
A taxa de desemprego passou de 4,4% em Setembro para 4,6% em Novembro, acentuando uma deterioração que se regista já desde os 4% registados em Janeiro e colocando este indicador no valor mais alto desde Setembro de 2021.
Por outro lado, o número de empregos criados até foi positivo em Novembro, situando-se em 64 mil novos postos de trabalho. No entanto, essa recuperação ficou longe de ser suficiente para compensar totalmente a acentuada perda de empregos – 105 mil – que se registou durante o mês de Outubro.
Os dados publicados esta terça-feira também revelam outros dados preocupantes, como o aumento em um ponto percentual da taxa de desemprego mais alargada – que inclui por exemplo as pessoas que trabalham a tempo parcial apesar de desejarem um emprego a tempo inteiro ou as pessoas que querem um emprego mas que desistiram de o procurar –, ou o aumento do desemprego entre a população negra em mais dois pontos percentuais, um fenómeno que habitualmente antecipa uma deterioração nos meses seguintes na taxa de desemprego total.
As causas são variadas. Para os dados de Outubro, o grande contributo veio da perda de empregos no sector público, devido à saída de muitos funcionários no âmbito do programa de despedimentos e rescisões lançados pela Casa Branca.
O sector privado, por sua vez, num cenário de preocupação relativamente ao impacto económica das tarifas lançadas pela Administração Trump e numa altura em que diversas empresas começam a optar por contratar menos, devido ao potencial de utilização da Inteligência Artificial nas suas operações, não foi capaz de absorver esses trabalhadores.
A quebra no mercado de trabalho agora revelada parece dar razão à Reserva Federal norte-americana (Fed) na sua decisão, tomada na semana passada, de cortar as taxas de juro em mais 0,25 pontos percentuais. Muito por culpa das tarifas, a taxa de inflação nos EUA ainda está a um nível relativamente elevado, não baixando da casa dos 3%, mas a verdade é que os sinais dados pela economia norte-americana não são os melhores.
Para além disso, a fragilidade revelada no mercado de trabalho força a Fed a agir. A autoridade monetária dos EUA, ao contrário do Banco Central Europeu (BCE), não tem apenas a estabilidade de preços como objectivo, mas igualmente a manutenção do país numa situação em que caminha para o pleno emprego.
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